Quaresma 2024

29/02/2024
Se o grão de trigo...

A liberdade é um dos grandes sonhos da humanidade. Aspiramos a ser livres de forma a tornarmo-nos quem, na verdade, somos. Mas nas histórias pessoais e coletivas, são vários os momentos em que os constrangimentos, opressões e domínios impedem de realizar a vida de cada um e a vida de todos da forma mais plena possível.

Não é fácil ser livre. Aliás, ser livre dá trabalho. Implica reflexão, abdicar de um «não», para dar um «sim», disponibilidade para questionar, para pôr em causa algo que se encontra instalado. Seja o poder, um hábito ou um vício. Por isso, o exercício da luta vai estar sempre presente nas nossas vidas, se quisermos ser livres. Caso contrário, resignamo-nos. Confortamo-nos com uma vida dentro do «celeiro». Tal como um grão de trigo.

A metáfora do grão de trigo é muito útil para aprofundar a mensagem do Papa Francisco para a Quaresma deste ano. O grão de trigo habita no celeiro. Lugar provisório, mas que ele considera como lugar permanente.  Mal, pois. O grão de trigo não nasceu para permanecer assim, mas para se transformar em espiga de trigo e, mais tarde, ser pão para outros. Ele será retirado do celeiro para ser atirado à terra, enterrado e, na escuridão, dar vida e vida em abundância. Compreender este trajeto, transportá-lo para a nossa vida e consentir com este processo é dar um passo na concretização da liberdade pessoal e comunitária. No fundo, é tornarmo-nos naqueles que fomos chamados a ser, libertando-nos daquilo que nos impede de o realizar. Isso dá trabalho. 

A Quaresma é o período que a Igreja propõe para investirmos tempo, interesse e concretização nesta nossa necessidade (Todas as 3ªs feiras, às 8h15, há missa na capela com o Pe. Domingos). Para isso, “agir é também parar”, diz o Papa Francisco. A radicalidade já não é só agir e defender uma causa. É também parar para pensar, para refletir e compreender com o coração. É rezar, pedindo e agradecendo com a confiança própria de quem se sente filho. É tempo de avaliar o estado da nossa nação interior, das razões para nos mantermos nos «celeiros» ou para sairmos deles. É tempo para transformar o trabalho que dá em ser livre, em fruto e alimento para os outros.

A Fundação Santa Rafaela Maria, que tão bem vamos conhecendo, volta a pedir-nos ajuda alimentar para as famílias do Bairro da Fonte da Prata: leite, massas/arroz, azeite/óleo, enlatados e bolachas/cereais. O apoio da comunidade do Colégio Pedro Arrupe é fundamental na vida destas famílias. Ao longo destas semanas, irão encontrar os nossos alunos de 6º ano a divulgar esta campanha que os move.

Boa Quaresma!
A Pastoral  e Capelania

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